O médico-legista alagoano George Sanguinetti foi contratado pela defesa do prefeito cassado de Lagoa do Sítio, José de Arimateias, preso suspeito de matar a esposa Gersineide Monteiro, em fevereiro deste ano.

Polêmico, o legista que atuou em casos como o de Isabela Nardoni e PC Farias, contestou o laudo emitido pela perícia do Piauí, e em um texto postado em seu Facebook, alegou que o ex-prefeito é inocente.

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Em um breve relato do caso, Sanguinetti diz que no dia do crime, o ex-prefeito Zé Simão, como é conhecido, saiu de casa às 5h30 dirigindo-se ao estábulo para acompanhar a coleta de leite dos animais retornando às 8h30, fato que segundo o perito é confirmado por testemunhas. “Ao se dirigir ao quarto do casa, sua esposa estava morta, grande sangramento na face e cabeça, ferimento por arma de fogo”.

Aí seguem as contradições, segundo Sanguinetti. Neste horário da ausência do prefeito estavam em casa apenas a vítima e a empregada. “Havia um revólver 38”, lembra o perito, com a “numeração íntegra”. Ele afirma no texto publicado no Facebook que, mesmo após 100 dias, não se verificou a quem pertencia a arma. Outra contradição enumerada pelo legista é o fato de que foi declarado no laudo que o corpo da primeira-dama estava em decúbito dorsal, quando na verdade estava em decúbito lateral direito [posição em que o corpo permaneceu]. A temperatura do corpo, segundo Sanguinetti, também não teria sido analisada. Com base em suas análises de rigidez cadavérica e livores o perito “situa” a morte como ocorrida entre “6 e 7 da manhã”.

O “maior erro” enumerado por Sanguinetti foi o fato de que a perícia descreveu “presença de pequena quantidade de suco gástrico, líquido e espesso”, o que permitiu estabelecer o horário da morte entre 1h e 1h30. “No item discussão, refere que a presença de resíduos alimentares, no interior do estômago, permite estabelecer horário de morte entre 1 h e 1,30.h da madrugada. O prefeito havia jantado com a esposa as 21,30 h e se verdadeiro o achado, seria um elemento a ser avaliado, juntamento com os livores, a rigidez e a queda progressiva do corpo para fixar o horário provável de morte. Apesar da contradição, baseado em achado gástrico que não existia, foi declarado preso em flagrante, pois o diretor do IML informou ao delegado, que a hora da morte era entre 1 e 1,30. um erro grosseiro e que motivou o delegado a efetuar a prisão em flagrante [sic]”.

Ainda em sua contestação o legista diz também que uma vizinha teria ouvido um disparo às 6h.

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RELEMBRE O CASO
O então prefeito Zé Simão foi preso no mesmo dia em que a esposa foi encontrada morta. Aos primeiros policiais que chegaram ao local foi repassada a informação de que a prefeita havia morrido por causas naturais. Mas os sangramentos na boca e no ouvido chamaram a atenção dos peritos, que acabaram descobrindo que ela havia recebido um disparo na cabeça.

Até mesmo o local onde a arma estava escondida foi identificado pelos policiais.

Preso, Zé Simão acabou perdendo o mandato. Ele foi denunciado pelo comerciante José de Arimatéia Sobrinho, o que motivou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar as denúncias.

Também está presa Noêmia Maria da Silva, de 42 anos, que segundo a polícia, tinha um caso com o gestor e também tem participação no assassinato por ter escondido a arma do crime. Os dois são investigados por homicídio duplamente qualificado pelos seguintes agravantes: vítima indefesa e motivo fútil.

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TRIBUNAL RECEBE DENÚNCIA
E no dia 28 de maio, o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI), por meio da 2ª Câmara Especializada Criminal, julgou procedente o recebimento de Ação Penal contra Zé Simão (PT). Ele passa então a responder pelo crime em Ação Penal e poderá ter seu julgamento feito por meio de Júri Popular, já que perdeu o foro privilegiado ao ser cassado pela Câmara Municipal da cidade por meio de uma CPI.

A FAMA DO LEGISTA
Sanguinetti ficou famoso ao questionar os laudos feitos pelo perito Badan Palhares a respeito das mortes de Paulo César Farias e da namorada Suzana Marcolino, ocorridas em 1996, em Maceió. O laudo de Palhares sustentou que Suzana matou PC Farias e se suicidou. Sanguinetti contestou a tese.

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Em 2008, ele foi contratado pela defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá para analisar os laudos periciais sobre a morte de Isabela Nardoni. Ele discordou da versão oficial da Justiça, que diz que Anna Jatobá tentou esganar a enteada e Alexandre Nardoni jogou a filha pela janela após uma discussão.
*Com informações do G1

Fonte: 180graus

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