O prefeito do município de Lagoa do Sítio, José de Arimatéia Rabelo, o Zé Simão, está preso acusado de assassinar sua mulher, a primeira-dama Gercineide de Sousa Monteiro Rabelo, de 35 anos, que apareceu morta às 8h30 na cama de sua residência onde morava com o prefeito, no dia 10 de fevereiro. A empregada doméstica do casal, Noêmia da Silva Bastos, de 43 anos, também encontra-se presa acusada de participação no crime.

De acordo com a polícia, ele teve a ajuda da empregada da residência, e que o crime ocorreu porque os dois tinham um caso e queriam ‘eliminar’ a mulher. No inicio Zé Simão colocou a culpa na amante: “Não matei minha mulher e quem matou está presa”. No entanto, o laudo pericial apontou envolvimento dos dois.

Não satisfeita com o laudo da Polícia do Piauí e acreditando na existência de muitas controvérsias, a família da vítima resolveu procurar o apoio de um perito de renome nacional, O médico-legista alagoano George Sanguinetti , que já atuou em casos que ganharam repercussão nacional como o de Eliza Samudio e Isabella Nardoni.

O perito concedeu entrevista ao vivo ao jornal Agora, da Rede Meio Norte, para falar sobre da morte da primeira- dama que chocou o Piauí. O novo  advogado do caso, Nazareno The, também participou da entrevista.

O que motiva você a entrar e contrapor com sua experiência em crimes tão complexos?

“Normalmente falhas existentes na condução do inquérito, nas peças técnicas e a confiança dos advogados que estão à frente da defesa ou da acusação. Aliás, atuo na defesa e também na acusação. No casado da Isabella Nardoni, poucas pessoas souberam que a menina teria sofrido um assédio sexual. Eu dizia: procurem um pedófilo. O tenente que foi responsável pela vistoria no prédio cometeu suicídio três dias após quando a polícia foi buscá-lo, já que foi descoberto que ele fazia parte de uma rede de pedofilia. Eu insistia por conta das lesões no corpo da menina. Os advogados do Alexandre diziam: se não aparecer o pedófilo, vão colocar o agravante na situação do pai da menina. Eu digo: há uma prova técnica que prova as lesões, não posso tirar do laudo. A mídia bateu fortemente. Mesma na acusação, deve haver ética e as provas devem ser limpas”, disse.

“Quando há uma morte, a polícia logo quer apresentar um culpado. Ai de quem é pego imediatamente. Quando ele provar que ele não é aquele da acusação, muito tempo passou”, disse.

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Perito fala sobre o caso de Lagoa do Sitio

“O seu José de Arimatéia Rabelo foi preso por conta de uma informação que chegou do IML que havia restos de alimento no estomago e possivelmente a morte teria ocorrido por volta de 1h da manhã. No entanto, não havia restos no estomago porque no próprio laudo cadavérico, na parte descritiva, quando ele abre o cadáver ele coloca: ausência alimentares e presença de suco gástrico liquido. Quando chega na parte da discussão, aí sim aparece os restos alimentares que não existiam. O suco gástrico é produto de glândulas secretoras que protegem o estomago do próprio ácido clorido. Portanto, não procede essa informação de morte por volta de 1 hora da manhã. Toda revisão e trabalho que fiz, com parecer medico legal, comprova dentro da boa técnica, que há um horário de falecimento, pela linguagem do cadáver, entre 6 7 da manhã. Não estou questionando. Eu estou dizendo que é absurdo o que está escrito aqui neste documento. É inservível”, esclarece.

Documentos da Perícia sobre horário da morte

“A pericia quando chegou descreveu ela em uma posição de decúbito dorsal. Na verdade, ela está em decúbito lateral direito deitada sobre o lado direito. As fotos mostram com muita clareza. Se ela tivesse morrido entre 1h ou 1h30, os livores cadavéricos não teriam migrado, como migraram, quando ela foi mudada de posição pela pericia criminal. Nós verificamos um predomínio dos livores cadavéricos exatamente do lado direito. Mas uma parte, por ação da gravida, estava se liquido. A morte era recente. Depois de 8 e 9 horas, não se modifica mais a posição. Está bastante evidente que ela morreu entre 6 e 7 da manhã”, afirmou.

Arma do crime

“Não foi feito o necessário exame residuográfico e nem a coleta nas mãos dos que estavam na cena do crime. Absurdo. Eles não falam em digitais e nem exame residuográfico nas avaliações. Vou além: os senhores peritos afirmaram que foi usado um travesseiro na ocasião em que ela recebeu o tiro, mas um exame de microscopia eletrônica desmentiu essa informação onde se via claramente resíduos de sangue na arma. Como é possível usar um travesseiro como anteparo para disparar contra alguém e haver picos de sangue no cano da arma? Há um trabalho controverso. Portanto, não há nenhum vestígio que ligue Arimateia ao crime, pois não há nexo de causalidade, está no Código do Processo Penal. Está ele aí a mais de 80 dias presos sem provas. Eles teriam que ter tirado digitais no revólver”, explica.

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Advogado Nazareno afirma que houve incapacidade por parte da polícia

“A defesa afasta a possibilidade dessa incriminação do Zé Simão por falta exatamente de ligação entre o fato e o acusado. Não há como dizer que ele estava no local. Porém, a pericia numa arrumação qualquer fez questão de colocar ele na cena do crime ao afirmar que o horário do crime foi entre 1h e 1h30 da manhã. A ampla defesa, como um instituo inerente ao próprio Direito penal, haverá de ser exercida na sua plenitude. Vamos buscar a conscientização daqueles que mantêm a prisão para ,mostra que não há indícios. Foi uma incapacidade da pericia. Ela foi precipitada e incapaz de repassar a informação para o Judiciário. Em vez de informar, desinformou o Judiciário. Zé Simão perdeu esposa, perdeu a liberdade, perdeu o mandato, credibilidade. Então, tudo isso é o prejuízo que el está passando. Ele nunca mais mais esquecer que a polícia do Piauí decretou uma prisão sem provas”, destaca.

Perito diz que primeira-dama foi morta por duas pessoas

“O laudo pericial cita que ela recebeu o tiro dormindo em uma posição de descanso. No entanto, nos chama atenção fato de que ela não estava na posição que alguém dorme. Ela estava em uma posição transversa. Ela não estava dormindo. Aliás, o melhor perito do mundo não pode dizer se ela estava dormindo ou não. Ela acordou surpresa enquanto o outro atirou sem uso de travesseiro. Acredito que ela foi morta por duas pessoas. O laudo diz que foi um tiro de trás para frente, sem mensuração, diz atingiu o tronco encefálico. Mas o tronco tem três estruturas em três locais diferentes. Eu tenho que saber o percusso da bala. ”, acrescenta.

Nazareno The concorda com o questionamento do perito

“Se a vitima tivesse morrido no horário dado pela pericia, só quem estaria no quarto seria ela e ele. A prova testemunhal diz que 5h30 ele foi visto pegando seu carro para ir até sua localidade e ordenhar vacas. A testemunha diz que viu ele passou algum tempo lá e, em seguida, passou pela casa da secretaria de finanças. Por volta de 8h ele entrou na casa e percebeu o que estava acontecendo. No início, achou que la havia levado uma pancada na cabeça. Ficou desesperado. Durante as investigações, o delegado do caso recebeu um telefonema do médico legista de Teresina dizendo que poderia prender ele alegando como prova os restos alimentares que teriam sido apontadas pelo laudo”, afirma o advogado.

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Fonte: Meio Norte

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