O diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, afirmou nesta segunda-feira (24), em depoimento de cerca de três horas à Polícia Federal, que, quando presidia a Câmara, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu – e policiais legislativos fizeram – uma varredura na residência oficial da presidência da Casa.

Cunha está preso em Curitiba (PR), por ordem do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal. Pedro Carvalho foi preso em Brasília na última sexta-feira (21), durante a Operação Métis, da Polícia Federal, executada nas dependências do Senado.

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Na operação, os policiais federais prenderam Carvalho e outros três policiais legislativos, suspeitos de suspeitos de prestar serviço de contrainteligência para ajudar senadores investigados na Lava Jato e em outras operações.

A PF investiga as varreduras que o grupo fazia nas casas dos políticos para identificar e eliminar escutas instaladas com autorização judicial. Pedro Carvalho é o único dos quatro que continua preso.

No caso de Eduardo Cunha, conforme Carvalho afirmou aos investigadores, a varredura foi realizada na residência oficial depois que Cunha teve a casa vasculhada pela Polícia Federal em dezembro do ano passado, em uma das etapas da Lava Jato autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.

A Associação de Polícia do Congresso Nacional nega tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato e diz que as varreduras fora do Senado são legais desde solicitadas pelos senadores e autorizadas pelo presidente do Senado.
“O nosso aparelho só busca escuta ilegal. Ele também vai pegar um grampo no aparelho fixo. Só que um grampo no aparelho fixo é ilegal porque, se for autorizado judicialmente, o grampo não será no aparelho fixo. O grampo será na operadora”, afirmou Wallace França, integrante da associação.

Pedro Carvalho já havia prestado depoimento na sexta-feira, mas não admitiu ter cometido irregularidades, e os investigadores consideraram, diante das poucas informações fornecidas por ele, iriam ouvi-lo novamente nesta segunda.
Era com base nesse depoimento que a PF iria decidir se pediria a conversão da prisão dele de temporária (cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) para preventiva (por tempo indeterminado).

Os outros presos

Os outros três policiais legislativos, Geraldo Cesar de Deus Oliveira, Everton Taborda e Antonio Tavares, que também já prestaram depoimento na sexta-feira, foram liberados.

Eles deixaram a carceragem da PF em Brasília porque, para os investigadores, colaboraram e prestaram depoimentos considerados proveitosos.

Na decisão que autorizou a operação no Senado, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira apontou Pedro Carvalho como “principal responsável” e afirmou que ele “exerce a liderança da associação criminosa”.

Segundo investigadores, o setor responsável por fazer varreduras da Polícia Legislativa é o de inteligência. Nenhum dos policiais que fizeram as varreduras trabalhavam nesse setor.

Investigadores dizem que a área de inteligência da Polícia Legislativa se recusou a atender o pedido de Pedro Ricardo Carvalho para realizar as varreduras, por considerarem que a atividade era irregular.

No total, a PF apreendeu 15 equipamentos de varredura que passam por perícia. Os aparelhos têm capacidade tanto para identificar quanto para realizar grampos e escutas ambientais.

Com a perícia, a PF quer saber exatamente de que forma os aparelhos foram usados. O laudo deve revelar locais, datas e serviços realizados por cada um dos equipamentos. A perícia ainda deve durar alguns dias.

Políticos

A operação que prendeu os policiais, chamada de Métis, se baseou no depoimento de um policial legislativo. Ele relatou ao Ministério Público Federal que o chefe da polícia do Senado teria realizado medidas de contrainteligência nos gabinetes e residências dos senadores Fernando Collor de Mello (PTC-AL), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e dos ex-senadores José Sarney (PMDB-AP) e Edison Lobão Filho (PMDB-MA), que foi presidente do Senado.

O advogado de Sarney e Lobão Filho, Antônio Carlos de Almeida Castro, afirmou que não houve irregularidades cometidas pelo políticos. Em nota divulgada no Facebook, a assessoria de Collor negou que ele tenha se beneficiado irregularmente de qualquer serviço da polícia legislativa. A senadora Gleisi Hoffmann disse que fez “formalmente” à polícia legislativa pedido de varredura nas casas dela em Curitiba e Brasília

Fonte: G1

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