Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência,” (2Pd 1,5)

Vivemos um momento de fragmentação das identidades. A cultura, a nacionalidade, os credos e as aptidões realizam um deslocamento do que é considerado correto, moral e tradicional para uma ambígua sensação de liberdade e de incerteza. Surgem então ideias burlescas que tentam impedir quaisquer questionamentos fazendo com que o respeito ao outro confunda-se com aceitar suas idéias.

Se por um lado há um radicalismo religioso e totalitário no Brasil que deseja que Estado e Igreja estejam consubstanciados, por outro existe uma pseudo-filosofia que insiste em ensinar que crer é fruto único de um sentimentalismo midiático e que por ser algo puro que emana do coração humano, jamais poderia ser contestado. A síntese dessas frágeis idéias reside na frase “religião não se discute”.

Vejo que não se discute com crianças sobre a existência, por exemplo, do amiguinho imaginário que algumas afirmam manter diálogos. O tempo irá demonsrar que o amiguinho é uma invenção e que a realidade encarregar-se de inserir essa pessoa no mundo racional.

Se a crença em Deus é algo que não se discute, ela não pode ser uma verdade.

E por que em algumas crenças não se admite a investigação filosófica sobre as doutrinas propagadas?

Porque qualquer questionamento sensato destruirá os dogmas de igrejas e aproveitadores que exploram a ignorância e a fé alheia, produzindo mais ignorância nessas multidões e, ao mesmo tempo, enriquecendo com essas práticas. Em países como o Brasil onde o analfabetismo ainda é uma dura realidade, a leitura e interpretação de antigos textos sagrados só pode produzir essa explosão de heresias e mentiras sobre a fé, sobre a esperança e sobre o amor.

Crer é uma verdade em si mesma e seu objeto de culto também deve ser a verdade. Por isso, a religião deve ser discutida à luz da crença e da verdade.

“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2)” – João Paulo II

Francimário Santos – Peace and Grace!

download

COMPARTILHAR

Comentários no Facebook

3 COMENTÁRIOS

  1. Interessante a colocação, mas quando se utiliza a celebre frase “religião não se discute” não se está querende, justamente, respeitar opiniões diversas sobre credos? Sabemos bem que é dentro deste fanatísmo religioso que reside as intrigas e diferenças que levam a uma discussão irracional a respeito das crenças de cada indivíduo. Religião e ciência, ou melhor, religião x ciência, bem ilustrado nessa postagem, a muito não se discute pois estas andam juntas em busca de um único objetivo.

    • existe casos e casos, mas no texto a intenção é frisar a necessidade e o quanto é produtivo e edificante discutir alguns assuntos,porque existe os que acham bem não discutir por respeitar como citou,mas existem os que fogem da discurção por terem alguns assuntos como intocaveis, sagrados. ou mesmo por ignorar por preconceito ou qualquer outro motivo. e o fanatismo pode sim ser um dos motivos da fuga. e outro fator é achar desdenessario a discurção. mas uma coisa é certa, sem perceber estamos discutindo. e discutir,nao é no termo desavença,bate boca, mas expressar ideias.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui